Ouça nosso Podcast
Inflação alta é um problema, mas baixa demais também pode apontar que as coisas não andam bem.
No último mês (setembro de 2019) o INPC (Índice de Preço ao Consumidor), índice utilizado nas negociações coletivas para reajustar os salários, fechou o acumulado de 1 ano em 2,92%. Isso mesmo, 2,92%.
Considerando a estimativa do governo de ter uma inflação média de 4,5% ao ano, o que seria um número considerável para um país em desenvolvimento como o Brasil, a inflação neste patamar muito baixo demonstra que nossa economia está estagnada, não cresce e com isso acumula problemas para todos, mas principalmente para o trabalhador. O principal problema é, sem dúvida, o desemprego gigantesco, que traz uma outra consequência trágica, a diminuição dos reajustes salariais.
Se o salário não cresce, o custo das empresas também não cresce e com isso diminui a pressão para o aumento de preço. De forma simplista é isso o que está acontecendo neste momento no país, ou seja, temos uma inflação baixa a custo de uma recessão amarga que não beneficia ninguém, nem patrões, nem empregados e muito menos o desenvolvimento da economia do pais.
Como o bolo da economia não é feito só de farinha, tem vários outros ingredientes que influenciam no sucesso ou no fracasso e os juros bancários representam fatia significativa desta receita.
Com as taxas de juros altas demais, o crédito fica caro, os consumidores compram menos, empresas investem menos, há menos negócios e, consequente, menos empregos. Mesmo com a inflação em queda, o Banco Central demora para reduzir os juros básicos da economia e os bancos exageram nos juros que cobram dos clientes.
E o trabalhador fica indignado porque seu reajuste salarial depois de um ano, apresenta dígitos tão baixos, sem compreender, na maioria das vezes, esta lógica da economia. Os sindicatos, por sua vez, buscam compensar agregando outros benefícios além do reajuste salarial, como forma de manter o poder de compra do trabalhador.
O dinheiro recebido pelo trabalhador é inserido imediatamente na economia, pois os trabalhadores têm necessidades de consumo prementes, de comprar o ventilador, trocar a geladeira e fazer frente a suas necessidades básicas, diferente do que acontece com o rentismo, que busca nos bancos seus ganhos e estes bancos também buscam seus lucros exorbitantes, cobrando da população em geral, juros absurdos e irreais que travam a economia.
A luta por aumento real, que é o reajuste além do índice de inflação, principal pauta sindical nas negociações coletivas, é agravada a cada ano, especialmente neste momento em que o país mergulha em uma crise sem precedentes, tanto moral, ética, econômica e de desgoverno, aliada às pressões da flexibilização de direitos trazida pela reforma trabalhista e os interditos proibitórios contra as greves dos trabalhadores imposto por uma parcela do judiciário.
O mesmo é sentido pelos aposentados e por uma parcela da sociedade que sofrem com a falta de política, deste governo, para o reajuste do salário mínimo, diferente do que acontecia no passado recente.
Sem uma política séria de desenvolvimento que garanta maior rendimento aos trabalhadores a economia não anda e o Brasil desaba.
Muito além das fake news e da polarização, e independente de que lado você esteja, é necessário compreender que o desenvolvimento do país também passa pelos trabalhadores.